31/07/2011 17:30

Adoção:Elas estão a sua espera


 

"Tia, quando você vai conseguir um pai e uma mãe para mim?". Essa é uma das perguntas que a promotora da Infância e Juventude de Natal, MariaRebello, mais escuta das crianças e adolescentes abrigados nas três Casas de Passagem, mantidas pela Prefeitura de Natal. Após ser transferida de Parnamirim para a capital potiguar e assumir a promotoria que defende os direitos de crianças e adolescentes, a promotora percebeu que podia "contribuir saindo do gabinete".


A pequena Vitória conquistou a futura mãe nos poucos momentos que estiveram juntas Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press
Foi então que Mariana decidiu visitar as Casas de Passagem e conhecer a história de vida de cada abrigado. "Aproximadamente 90% deles são filhos de pais envolvidos com drogas, a maioria com crack", destaca. Os outros são vítimas do alcoolismo, da violência sexual e do abandono dos próprios familiares.

A promotora explica que o tempo máximo de permanência nesses abrigos é de dois anos, entretanto, existem exceções. "Existem casos em que tanto o pai quanto a mãe estão detidos no presídio aguardando julgamento. Entãodependendo do tempo da pena dos pais eles são encaminhados para adoção ou aguardam na casa por mais tempo do que o previsto", esclareceu.

As Casas de Passagem de Natal têm atualmente 29 crianças e adolescentes com idade entre seis e 17 anos prontas para se integrarem a um lar. O problema, segundo a promotora, é que no Rio Grande do Norte não existe nenhuma família inscrita no cadastro para adotar nessa faixa etária.

Esse foi um dos motivos que fizeram com que a promotora criasse o projeto Dia em Prol da Adoção de Crianças e Adolescentes, uma iniciativa desenvolvida numa parceria do Ministério Público, Tribunal de Justiça, através da 2ª Vara da Infância e Juventude, e Prefeitura de Natal. A ideia da ação é possibilitar a interação dos menores com os possíveis interessados em adotá-los.

A primeira ação realizada em maio deste ano na Casa de Passagem 1 resultou na adoção de seis crianças. Na última quinta-feira, 28 de julho, foi promovida a segunda edição do evento na Casa de Passagem 3. O local tem capacidade para abrigar 40 crianças, mas conta atualmente com 28 com idade entre sete e 11 anos.

Na Casa de Passagem as crianças tem acompanhamento de uma equipe multidisciplinar composta por educadores pedagógicos, assistentes sociais, psicólogos, terapeuta ocupacional, além de voluntários que desenvolvem atividades lúdicas e esportivas. Segundo a coordenadora da instituição, Luciana Custódio, três médicos atendem as crianças quinzenalmente. "Eles fazem as consultas de rotina e pedem exames complementares quando necessário", diz.

Adoção

"Espero que a Justiça haja rápido para que eu possa levá-la para casa logo". Quem escuta essa frase não imagina que a auxiliar de escritório Elzinélia de Souza, 47 anos, nunca havia pensado em adotar uma criança antes de conhecer a pequena Vitória (nome fictício) há alguns meses. Com seu jeito carinhoso, a menina conquistou a futura mãe nos poucos momentos em que estiveram juntas. "Minha filha faz medicina e vem à Casa de Passagem com os professores que vêm atender as crianças abrigadas aqui. Ela se apaixonou por Vitória e a levou para conhecermos. Ficamos todos encantados com a menina e decidimos adotá-la", conta.

A família da auxiliar de escritório reside em Mossoró e já levou a menina para conhecer a futura casa, os novos amigos e passar uns dias durante as férias no final do ano passado. "Gostei de tudo, principalmente de brincar", relata Vitória. Euzinélia já deu entrada no processo e agora se prepara para fazer o curso de adoção que será ministrado em setembro. O curso é uma das etapas do processo de adoção.

Vitória é uma das quase cinco mil crianças inscritas no cadastro nacional de adoção para os cerca de 22 mil pretendentes. Apesar de o número de pais adotivos ser maior do que a quantidade de crianças, a situação não é tão simples quanto parece, de acordo com Roberta Assunção, presidente do Projeto Acalanto/RN, organização não-governamental que trabalha com adoção no estado há 15 anos.

Os inscritos no cadastro de adoção querem crianças do sexo feminino com até três anos e de pele clara. "Adoção tardia, especialmente a partir dos 10 anos, é bem mais difícil. Por isso esperamos que esse projeto seja produtivo e obtenha sucesso", destacou a promotora.
 
 
 
 
fonte:diário de natal on line

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